Era uma vez uma mulher de quase 30 anos, que mora com os
pais e está incapacitada de trabalhar. Bonita, casada, cheia de amigos e uma
grande, fraterna e briguenta família.
Em algum momento de sua vida tudo fez com que se resumisse
ao estado sincopal com a qual se encontra.
Sem poder trabalhar, a espera de um milagre que a ajude a
encontrar um pouco de qualidade de vida.
Essa pessoa sou eu, em primeira pessoa retomo a história.
No exato momento acordo antes das 5 da manhã, uma situação
comum, desde que me tornei dependente de ansiolítico para dominar minha
insônia, acaba seu efeito, acaba-se o sono, desperto quase como que se a cama
fosse algo repudioso, simplesmente não consigo ficar nela e os olhos abrem sem
meu comando.
Curiosamente ou não, levanto verificando como estão meus cães
e gatas, a louça ou qualquer outra coisa exceto tomar o café da manhã como
deveria ser feito, ou escovar os dentes de uma vez, ou tomar banho, bem, se
fosse um pouco mais tarde, tomaria sim, mas o café, só depois de qualquer outra
coisa que possa me tomar cerca de até 1h.
Daí vem os remédios, para o refluxo gastresofágico, que só
tomo quando ataca minha asia, o vasoconstritor e a hidrocortisona para o retorno
venoso, retenção de líquido e o que deveria funcionar para amenizar minha
cardiopatia, o anticoncepcional ininterrupto para a menstruação não "secar todo
o meu sangue", preciso dele, pois sou hipovolêmica e no momento também
manifesto hemorragia proveniente de algum problema hormonal, ovariano ou
uterino, além de o antidepressivo que é anoréxico, o qu e no momento ” tá foda”
sentir apetite até por chocolate.
Após o ritual tento me ocupar com qualquer coisa que me leve
a retornar a cama. Escrevo, leio jornal, faço artesanato (um mais novo talento
inútil). Por que você não aproveita e começa seus afazeres do dia? Vocês se
perguntam, não é tão simples, caros leitores.
Moro no Brasil, um país tropical, interior do estado do Rio
de Janeiro, ou seja, um lugar quente, entre a região dos lagos e a região
serrana. O calor me faz muito mal, minha pressão abaixa, o sangue desce, o
retorno venoso é deficiente, meu sistema Simpático e Parassimpático é na
verdade Antipático (piadinha de um cardiologista amigo meu), não funciona, e o
batimento que deveria aumentar para aumentar a pressão não quer fazer isso,
resumindo, eu desmaio, como uma jaca recém-caída da árvore, me machuco, já
sofri acidentes significativos que me levaram a condição atual de, "vou deitar
porque lá vem o sol e não estou a fim de me machucar", nem sempre foi assim,
mas chegarei lá.