Invejo os que se perdem nas suas reclamações a ponto de
pensarem alto, serem considerados rabugentos pelas pessoas que lidem com suas
lamúrias, dentro destas pessoas não fica uma amargura pra ser curtida como
pimenta dentro do frasco de azeite;
Invejo as pessoas que gritam e exorcizam seus demônios,
sejam em shows ou no meio da rua mesmo, no bom estilo “rodar a baiana”;
Invejo os efusivos de carteirinha que conseguem espantar até
os amigos com seus pulos, abraços apertados e saudações calorosas;
Invejo os mal humorados de plantão que estão sempre com a
cara amarrada, porque não tão nem aí se vão ser considerados antipáticos ou
desagradáveis, se sentem desgostosos, então que o mundo veja;
Invejo as gargalhadas altas e desconcertantes, essas sou
capaz de dar, mas não do jeito que gostaria, como um palhaço de circo que vive
de entreter e leva pra casa a leveza do som das gargalhadas respondidas pelo
público;
Invejo os dramáticos que supervalorizam qualquer problema,
negação ou positividade, os capazes de desorientar quem os rodeia, capazes de estremecer
qualquer paz de espírito alheio, pois o drama também é contagioso, então que
seja distribuído;
Invejo os que sentem, sentem muito, sentem tudo e conseguem expressar
em emoções, expressões, gritos, aplausos ou lágrimas, eles estão mais perto de
leveza espiritual do que eu ou você que só nos contemos por desculpa de força ou
coragem, mas bem sabem que por dentro tudo queima, tudo arde e não há sal de
frutas que faça passar...