quinta-feira, 13 de junho de 2013

Reservo-me no direito de ficar calada.




Hoje em dia está difícil praticar a introspecção. As pessoas antes tímidas, caladas hoje tem sempre algo a dizer, mesmo que esse algo não diga nada. Vive-se uma expectativa interna de se incluir na falsa liberdade que as redes sociais oferecem a necessidade de se incluir entre as pessoas interessantes que sempre tem algo divertido e interessante pra dizer, então se vê um verdadeiro diário que antes se guardava dentro de uma gaveta com sete chaves sendo publicado com a maior naturalidade. Beleza! Ótimo! Escreve e lê quem quer, e quando você não tem clima pra falar, se reserva no direito de não dizer, quando não é seduzido pelo exibicionismo cotidiano, correndo o risco de ser tachado de esquisito, estranho e sem assunto. Por mim, tudo bem.
É interessante ser comum, li uma matéria com a Ingrid Guimarães afirmando esta idéia, achei confortador poder ser comum, a vida é feita de pessoas comuns com problemas comuns, sem fama e holofotes. A beleza de ser normal, as vantagens de ser invisível (que também é título de um filme sobre um garoto que passa uma vida sem ser notado e quando finalmente isso acontece, surpresas não param de aparecer), recomendo.
Já repararam que o silêncio muitas vezes diz mais que as palavras? Digo aquelas jogadas ao vento, ao mesmo tempo em que o diálogo é essencial, o corpo também fala, os gestos, feições, rugas, o direito de se manter calado, a omissão. As palavras mal ditas trazem mentiras e dores. “Eu não quero falar sobre isso”, é uma maneira de respeitar-se, de honrar certo luto interior ou apenas um tempo que se dá a si mesmo pra refletir sem pressões e expectativas alheias, ou nada disso, apenas o direito de se manter calado.
Quando se diz e se mostra o que se sente, as reações mais importantes são das pessoas mais próximas e essas são as mais difíceis de lidar. O sentimento atrapalha o raciocínio lógico, “Freud explica”, observem só, por essas e outras, muitas vezes quando se posta um STATUS novo a maioria que CURTE é a que não está por dentro da história.

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