Hoje em dia está difícil praticar a introspecção. As pessoas
antes tímidas, caladas hoje tem sempre algo a dizer, mesmo que esse algo não
diga nada. Vive-se uma expectativa interna de se incluir na falsa liberdade que
as redes sociais oferecem a necessidade de se incluir entre as pessoas
interessantes que sempre tem algo divertido e interessante pra dizer, então se
vê um verdadeiro diário que antes se guardava dentro de uma gaveta com sete
chaves sendo publicado com a maior naturalidade. Beleza! Ótimo! Escreve e lê
quem quer, e quando você não tem clima pra falar, se reserva no direito de não
dizer, quando não é seduzido pelo exibicionismo cotidiano, correndo o risco de
ser tachado de esquisito, estranho e sem assunto. Por mim, tudo bem.
É interessante ser comum, li uma matéria com a Ingrid
Guimarães afirmando esta idéia, achei confortador poder ser comum, a vida é
feita de pessoas comuns com problemas comuns, sem fama e holofotes. A beleza de
ser normal, as vantagens de ser invisível (que também é título de um filme
sobre um garoto que passa uma vida sem ser notado e quando finalmente isso
acontece, surpresas não param de aparecer), recomendo.
Já repararam que o silêncio muitas vezes diz mais que as
palavras? Digo aquelas jogadas ao vento, ao mesmo tempo em que o diálogo é
essencial, o corpo também fala, os gestos, feições, rugas, o direito de se
manter calado, a omissão. As palavras mal ditas trazem mentiras e dores. “Eu
não quero falar sobre isso”, é uma maneira de respeitar-se, de honrar certo
luto interior ou apenas um tempo que se dá a si mesmo pra refletir sem pressões
e expectativas alheias, ou nada disso, apenas o direito de se manter calado.
Quando se diz e se mostra o que se sente, as reações mais
importantes são das pessoas mais próximas e essas são as mais difíceis de
lidar. O sentimento atrapalha o raciocínio lógico, “Freud explica”, observem
só, por essas e outras, muitas vezes quando se posta um STATUS novo a maioria
que CURTE é a que não está por dentro da história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário