quinta-feira, 18 de julho de 2013

UMA PEQUENA GRANDE HISTÓRIA.




Aos treze anos sofri um misterioso acidente, não me recordo como aconteceu, sei que fui atropelada em frente a minha casa ao atravessar a rua, aos 16 tive o primeiro desmaio com semi-perda de consciência que foi atribuída a uma hipoglicemia após vômitos, aos 17 uma perda de consciência no laboratório de química do colégio por razões hoje conhecidas como sintomas prondrômicos (que antecedem ou denunciam uma Síncope Neurocardiogênica), aos 18 uma perda total de consciência após exercício físico e aos 19 os desmaios se tornaram cada vez mais frequentes.
Os traumas por queda são considerados o que há de mais perigoso no meu quadro, e imaginem que com a frequência deles começou-se então uma verdadeira maratona para diagnosticar a verdadeira causa.
Dois anos de visitas médicas a clínicos, neurologistas, psiquiatraS, curiosos, curandeiros, médiuns e nada de conclusivo, médicos mentem, na falta de vergonha na cara de admitirem o desconhecimento do meu quadro.
Olha, o poder de persuasão dos médicos diante de uma paciente desesperada por respostas te levam a tentar de um tudo. Depois de tanto tentar sem resposta e de todas as sequelas e efeitos colaterais que vários medicamentos de vários tipos diferentes de diagnóstico trouxeram, me fizeram questionar e perceber erros e uma enorme perda de tempo, eu não tinha e ainda não tenho total controle sobre minhas crises, mas também notava que nenhuma doença psicossomática e tratamentos sugeridos se encaixavam. O bom de tudo isso é hoje ter muito mais conhecimento adquirido ao longo dos anos e graças ao avanço da medicina.
Retomando a história...
Num dia glorioso, me consultei com um excelente e renomado neurologista que “cantou a pedra”, pois a nova suspeita era de Epilepsia, após muitos exames inconclusivos, ECG, Ressonância, Tomografias, todos os tipos de exames laboratoriais, ele me encaminhou ao seu colega cardiologista que enfim diagnosticou a Síncope Vasovagal solicitando o Tilt Teste, que acabou por também confirmou uma Hipotensão Postural.
Fazia faculdade nesta época e já era conhecida como a “Bela Adormecida”, desmaiava todo dia. Nesta época, grande parte dos professores me adotou e outra parte me crucificou me aconselhando a desistir, diziam: “Dentista não pode ter esse tipo de doença”, pode ser que estivessem certos, só que sou dessas que faz sempre o que duvidam do que posso fazer.
Palpitações e falta de ar no grau que comecei a manifestar não condiziam com meu diagnóstico de síncope e aí entra o segundo “round” da luta por novos médicos que confirmassem meu diagnóstico anterior e me esclarecesse mais algumas dúvidas, mais 2 anos se passaram e o cardiologista do meu avô detectou uma arritmia maligna, com um simples toque de dedos no seio carotídeo, denominada Wolf Parkinson White, essa arritmia provém de um feixe elétrico anômalo que provoca reentrada estimulando descompassadamente o batimento cardíaco.
Encaminhamento para um arritimologista da sua confiança confirmou o diagnóstico e em duas semanas fiz um procedimento denominado, Ablação por exame eletrofisiológico, é feito através de um cateterismo onde é estimulada a eletricidade do coração para conseguir encontrar a profundidade do feixe anômalo e cauteriza-lo. Foi um sucesso total e já fui liberada no dia seguinte.
Nova esperança pairava pelo ar, meus pais certos que o pior tinha passado até comemoraram usando o resultado do exame como prova de vitória, mas as síncopes e convulsões não cessaram assim como minha qualidade de vida descia por agua abaixo, tranquei a faculdade por um período, os traumas, as frequentes paradas nos prontos socorros e a distância dos meus pais me esgotaram.
PS: médico de pronto socorro não sabe sobre minha condição, ou seja, era tratada como maluca ou internada sem diagnóstico determinado para evitar complicações das convulsões.
Bateria de exames novo médico e novas drogas foram sugeridos, agora também tinha epilepsia associada ao problema cardíaco e uma guerrinha entre cardiologistas e neurologista para saberem quem estava certo e em fim um consenso de que eu precisava tratar os dois problemas, anos passei tratando com neuros e cardiologistas, mais exames, mais drogas, mais efeitos colaterais, e nada. Cheguei a tomar sete drogas de uma vez, betabloqueador, mais três anticonvulsivantes, vasopressina, hormônio, eritropoietina injetável e ansiolítico, minha insônia tinha chegado ao auge.
Nenhuma resposta significativa, minhas restrições pareciam cada vez mais sem sentido, meus cuidados e remédios não respondiam, me rebelei, depois de uma vida inteira namorando, desde os 14 anos, namorados diferentes, mas sempre namorando, estive solteira aos 23 anos no fim da faculdade, na noitada, viagens e uma necessidade de libertação de uma vida chata regrada e frustrada, comecei a dirigir mais, a beber de vez em quando, (nunca fui fã), a ir a Raves, emagreci uns 10 quilos nesse período por desinchar por troca de medicamentos, pouco apetite e muita agitação.
Já havia retornado a faculdade, ia bem, consegui me formar com louvor e fazer os melhores estágios possíveis. Voltei pra minha cidade estava com meu consultório modesto que meu pai por medo de eu levar uma vida acadêmica e continuar em Niterói estudando fez o favor de comprar uma sociedade pra eu começar e comecei bem, sempre tive altos e baixos.
Recuperei-me, o tempo passa...conheci meu marido, estava às voltas com os preparativos do casamento, isso me ajudou muito, casei e a vida a dois me deu novas responsabilidades e novas frustrações, pioras vieram e num novo médico que insistiu em um diagnóstico de síndrome do pânico, comecei a tratar, mais exames, mais drogas, antidepressivos tricíclicos e cheguei ao fundo do poço, os remédios me fizeram mal, o médico era contra terapia psiquiátrica e então, depois de um ano percebi que tinha piorado, voltei a me concentrar na arritmia que depois de 10 anos era o único diagnóstico consistente.
Novos médicos e excelentes devo muito ao Dr Márcio Kiuchi que não só me tratou como paciente, mas como amiga. Em setembro de 2012 fui encaminhada para minha atual cardiologista arritimologista, tem sido muito esclarecedor, novas informações, cuidados e a esperança de um novo meio de diagnóstico mais claro e preciso.
Minha hipotensão postural foi controlada, parece que tenho inibição do sistema nervoso periférico que basicamente estimula a contração dos músculos dos membros inferiores, vasodilatação demais, retorno venoso péssimo, indicação de malhação e mais drogas pra controlar a “pemba”, só que por uma nova ótica, o prognóstico é favorável, se fosse deficiência de resposta nervosa central, com o tempo pararia numa cadeira de rodas sem conseguir engolir, pois os nervos ao redor de todos os meus órgãos não estimulariam contrações musculares e irrigação sanguínea necessária.
Uma nova informação que deveria ser animadora existe centros que tratam minha cardiopatia só com exercícios, sonho meu, mas aqui no Brasil, só tem em São Paulo e “euzinha” não tenho dinheiro, logo, preciso me drogar para ter animo de sair de casa, ir ao psicólogo, psiquiatra, malhar e melhorar, cabeça ruim, corpo ruim, vai por mim, que eu sei bem.
Preciso de acompanhamento periódico, geralmente em uma nova consulta obtenho mais recomendações, aumento das dosagens da medicação e prescrição de exames. Em meados de dezembro de 2012 o pedido cirúrgico de um implante de monitor cardíaco anteriormente recomendado foi feito.
O monitor vem como uma nova oportunidade de diagnóstico de desmaios inexplicáveis e funciona como um exame invasivo. Infelizmente foi necessária uma liminar pra obrigar o meu plano a autorizar o procedimento e isto demandou cerca de 7 meses contando desde a primeira negativa até o cumprimento do ganho da liminar.
Depois do telegrama enviado pela Unimed informando a liberação de internação, (pra vocês verem que não minto quanto à demora), num mundo como este poderiam ter enviado um email né? Mais rápido, não? Em fim...a cirurgia foi marcada em menos de uma semana, feliz e nervosa fiquei e mais estressada ainda reagi ao adiamento desta mesma, horas antes da cirurgia por problemas com o hospital, médico e a chegada do monitor que vem do exterior.
Surtei, fiquei extremamente ansiosa, sem apetite, chorosa, irritada, desequilibrada mesmo, a expectativa diante de novas respostas e soluções consequentes desta cirurgia em meses de espera foi se potencializando a tal ponto que não só eu, como todos os que estão ao meu redor não aguentavam mais esperar por boas novas.
Felizmente a prorrogação foi marcada para 3 semanas após a primeira marcação e hoje me recupero da cirurgia com apenas 1 mês de convalescência, pequenas restrições, muitas visitas, carinho dos amigos e torcida para um futuro de boas oportunidades.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

AS VANTAGENS DE SER UMA QUASE BALZAQUIANA




“Em seu livro, Balzac faz uma apologia às mulheres de mais idade que, emocionalmente amadurecidas, podem viver o amor com maior plenitude -...”
Pode se aprender muita coisa aos trinta, e muito, muito mais após, já dizia Honoré Balzac em seu livro A Mulher de Trinta Anos.
Porque as mulheres se acham mais bonitas ou dizem que se sentem mais bonitas quando chegam aos trinta?
Bom, posso dizer por mim que me acho mais bonita hoje que há 10 anos, sem demagogia, sendo hoje mais segura de mim, dos meus quereres, não quereres, pretensões e despretensão.
Não pergunto mais para o meu marido, após me vestir se estou bonita por querer agradá-lo ou ao meu ego, pode ser pelos dois, mas na maioria das vezes é porque eu o amo e quero que ele se sinta confortável ao meu lado praticando eu, o desapego da Narcisa em mim.
Descobri aos 29 anos a comprar o tamanho certo do meu sutiã, pode? Pode, ué, antes eu não me preocupava em estar confortável e bonita, valorizar e me adequar a qualquer roupa que queria usar, era uma coisa ou outra.
Percebi por volta de um ano que posso usar cores vibrantes ao mesmo tempo, sem nóia, porque me sinto muito mais eu assim.
Que se pode sim aprender com os erros dos outros principalmente no que NÃO vestir (veneninho).
Em prática, revelo que tem menos de um ano que fui numa noitada de sapatilha e me senti “super” bem, mesmo com todas as minhas amigas calçando saltos enormes.
Que é muito mais legal fazer compras quando se descobre seu verdadeiro estilo e isso requer tempo e atenção dada pela paciência adquirida em anos.
Que os homens não são cachorros, porque o cachorro é um ser fiel e leal, eles estão mais para gatos que correm atrás de gatas no cio por meses, coitados.
Que os sapos são muito mais legais que os príncipes (minha primeira grande descoberta).
Que você não precisa estar na moda ou copiar as roupas das suas amigas ou das mocinhas de novela, principalmente quando não dá pra entrar num manequim 36.
Que as marcas de expressão e ruguinhas estão aparecendo, mas em compensação sua MAKE vai se aprimorando.
Que escrachar, se jogar, descaralhar e rir numa reuniãozinha com os amigos é muito melhor que qualquer figuração.
Ontem depois de 29 anos e meio de vida encontrei a base ideal pro meu tom de pele tanto em cor como em textura, fantástico isso!
Que é certo que quando você se sente bem consigo mesma as pessoas reparam, te acham mais bonita e quem não acha tá com inveja.
Que como é cada vez melhor perder os benditos quilinhos excessivos depois de uma boa dedicação já que seu metabolismo está desacelerando, mas que se não os perdeu, sabe-se bem como disfarça-los.
Que ler, ouvir musica e ficar quietinha só com você mesma não tem preço.
Que o peso que você tinha há dez anos não vai ser o mesmo, nem as medidas, mas que na verdade, é na sua calça jeans favorita que você quer caber.
Que se toda mulher deslumbrante fosse bem acompanhada a Isabeli Fontana não trocaria o Henri Castelli por aquela cabeleira do Marcelo Falcão.
Que valorizar a beleza de outra mulher não desvaloriza a sua, a competição cansa.
Que sua sexualidade está no ponto certo, porque deu tempo de experimentar, conhecer para escolher. Bem vindo prazer!
Que é digno perdoar para ser feliz se a sua amargura te impede de viver e que se danem os outros, só a gente sabe o que passa dentro da gente.
O poder de saber que viveu experiências maduras, ou não, mas que te tornaram a grande mulher que é e ainda pode melhorar com os anos a frente;
Que se pode conversar de tudo, desde política a cor de esmalte, o negócio é ter assunto;
Aos quase trinta se descobre que se pode sim, deixar pra mais tarde uma gravidez, que é melhor ter uma cabeça receptiva para a maior responsabilidade e dedicação da sua vida, ser mãe, agradecemos a evolução da medicina.
E o melhor, que as descobertas estão apenas começando.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

MEUS BONS AMIGOS ESTÃO AQUI!




Para uma grande vitória milhões de agradecimentos, aquele discurso batido e piagas que toda personalidade ganhadora de algum prêmio faz, é verídico, eu entendo, mesmo longe de ser uma.
 Como agradecer todos os elementos que nos levaram a uma grande vitória, qualquer realização quando bem analisada não é feita por uma só pessoa, nem os grandes gênios da humanidade conseguiriam seus feitos sem que tivessem alguém para apoiá-los, o apoio pode vir de muitas maneiras, mas é sempre, sempre bem vindo e essencial.
A invenção da eletricidade mesmo sem coautoria de dados e pesquisa não seria o que é sem uma mão pra levar o café que mantinha Thomas Edson acordado, por exemplo. Sem a compreensão de seus filhos pra quem os tem, sem o afago de suas esposas e maridos, sem o incentivo de bons e velhos amigos, ou seja, o que tem por trás dos bastidores é o grande responsável por um grande Show.
O que vem depois, a gratificação, o reconhecimento é muito legal, mas não existiria sem um alicerce, base, sustentação de inúmeras pequenas ações que nos cercam e que podem passar despercebidos.
Pra mim não, nada passa, posso esquecer-me de mencionar alguns nomes e me perdoem, por favor, é difícil lembrar de cada pessoa em longos anos. Vou tentar honrá-los com um grande agradecimento.
Eu não teria um epitáfio, “Aqui jaz uma mulher que fez e aconteceu”, teria uma coleção deles e enviaria a cada um que me fez ser e ter o que tenho e sou hoje.
É fácil sorrir, veja bem:
Um marido, melhor amigo, admirador e companheiro, que ainda me trouxe sua família que agora é minha e tão fácil de amar;


Pais compreensivos, incentivadores, guerreiros, esperançosos;
Um irmão mágico, ele é capaz de resolver qualquer coisa pra me fazer feliz;
 Uma grande e fraterna família que com todos os defeitos de toda uma grande e boa família nunca decepciona e sim, sempre surpreende com seu carinho infindável;



E amigos, amigos raros, caros, fortes e fiéis. Sou capaz de escrever um livro, uma saga, melhor dizendo, com os feitos destes queridos.
Aos de infância: Isabela, Karime, Jamilla...
Aos de faculdade, que foram verdadeiras babás, pais, mães e irmãos: Clarice, Dani, Guilherme, Rafael, Daniel, Erich...
Aos meus professores, apoiadores, incentivadores e verdadeiros mestres: Adriana, Carlos Oswaldo, Ruth, Nelson...
Aos meus guardiões, Gustavo, Iza, Ricardo, Viviane, Vanessa, Flávia, Filipe Moreira, Ge, Bill, Binho, Alcinélio, Murilo, Lu, Tia Ana Alice, Camila e a Clarice e a Dani de novo, e sempre, graças a Deus.


As minhas Nhás sempre fofas e presentes nas horas mais especiais: Luana, Marcella, Mariana, Carol, Jéssica, Letícia, Manu...;


Aos que torcem por mim, às vezes sem ter muita noção da minha atual condição, porque não me veem como um problema, João Luiz, Manu e Bruno, Luzia, Dudu, Gabi, Felippe Bortoni, David, Ana Gabriela, Ju Baldraco, Brenda, Úrsula, Paulo, Mauro, Neuber...


Aos que nem sempre ficam, mas quando passaram deixaram sua marca, conhecidos, desconhecidos, salvadores que nem reconheço ou me recordo, não foi nada fácil pra vocês, meus sinceros agradecimentos;
Aos relacionamentos amorosos que tive e que durou o que tinha que durar, mas que se fizeram presentes em situações extenuantes e que não me faltaram;
Aos que se mantém na minha vida de uma forma tão bonita que é quase inacreditável o meu merecimento, como um Irmão, Gustavo, o Anjo Vivi (que celebra meu renascimento todo ano) e as mamãe Clarice e Dani (de novo, sorte minha) e meus irmãos espirituais do centro Santo Antônio de Pádua e São João Batista;
Emociono-me só de lembrar o rosto de vocês, o que pode ser mais importante que o apoio que tive e ainda tenho?
 Nada é, nem distância, nem desentendimentos, o que fizeram e fazem está marcado, é o que tenho e o que sou hoje e é tudo que mais gosto em mim.