quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

É possível que seja só mais um discurso piegas de Natal...

Minha característica autobiográfica não permite que este texto seja diferente dos demais contos sobre minhas experiências existenciais e sensoriais.
O natal pra mim é o último dia do ano, o último dia importante, o último dia de verdadeira realização, pois os dias que faltam para o Ano Novo são mera contagem regressiva para o ano que irá vir, cheio de novas esperanças.
este dia, o 25 de dezembro, a gente celebra com preparo de ceia, presenteando pessoas amadas, agradecendo pelas conquistas, pelos obstáculos ultrapassados, mais o mágico, o que eu mais aprecio, é o pré Natal, os dias antes do que vem a ser o grande dia, os dias de deliciosa confraternização com as pessoas mais queridas e importantes da nossa vida, a realização de atitudes verdadeiramente caridosas com o próximo mais próximo e o próximo mais distante, ou seja, esta atmosfera de amor contagiante é o que há de melhor.
Este ano fiz trinta anos e tô me achando, ainda mais depois de uma amiga querida, futura psicanalista da boa, Jessica Mendes, dizer -  esse ano você merece muito comemorar, comemorei de levinho,queria ter podido fazer um mega evento com direito a Buffet, porque foi uma ano de superação, superei minhas próprias expectativas, consegui dar uma guinada, uma reviravolta surpreendente e incrivelmente prazerosa, que se seguem com muito desejo de conquistar ainda mais coisas, colher os frutos do que estou plantando e não parar de sonhar nunca mais.
É estranho dizer isso, mas por um período de quase 1 ano eu deixei de sonhar, e isto é grave, digo com toda certeza, sonhos são pra ser sonhados e felizes são os que os realizam, mas nunca deixe de tê-los, em um período intitulado por mim como um “limbo espiritual’ me rendi as minhas limitações, acreditei que não era capaz de passar por cima de minhas próprias amarras e apenas aceitei um estado de total desgosto por mim mesma, não foram os remédios, os diagnóstico ou os efeitos colaterais físicos e psicológicos que me impediram de seguir alegremente, embora amargamente, fui eu mesma, uma nuvem cinza pairou sobre meu espírito aventureiro e desbravador, abafando-o, afugentando qualquer brisa ou sopro de força de vontade.
Essa fase embaçada passou, consegui com a pequena força que ainda me restava afastar a nuvem pra lá e voltar a enxergar o que tem de belo, e é muito.

Eu tenho o talento de dançar pra esquecer os males, de sorrir para acariciar minhas pessoas amadas e afugentar mal olhado, tenho os melhores amigos do mundo (Nhás, Dezis,Flores Abrahão, Iza, Manu, Bruno...) , tenho um marido fora de série, pais vivos saudáveis e carinhosos, um irmão que se torna cada vez mais um grande amigo, este ano eu cravei as garras nos corações dos já queridos e amados de outros tempos (Filipe, Luzia, Paulo), e estes foram fenomenais de uma forma que nesta vida não conseguiria agradecer, e ainda ganhei 4 novas flores, lindas e vibrantes, Paulinha, Maricota, Debora e Giselle, é uma honra ter vocês comigo. Obrigada 2013!!

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Invejo...

Invejo as pessoas que super choram, sou capaz de ter crise de choro e de riso, mas não de chorar o dia inteiro sentindo minha alma lavada de uma vez só.
Invejo os que se perdem nas suas reclamações a ponto de pensarem alto, serem considerados rabugentos pelas pessoas que lidem com suas lamúrias, dentro destas pessoas não fica uma amargura pra ser curtida como pimenta dentro do frasco de azeite;
Invejo as pessoas que gritam e exorcizam seus demônios, sejam em shows ou no meio da rua mesmo, no bom estilo “rodar a baiana”;
Invejo os efusivos de carteirinha que conseguem espantar até os amigos com seus pulos, abraços apertados e saudações calorosas;
Invejo os mal humorados de plantão que estão sempre com a cara amarrada, porque não tão nem aí se vão ser considerados antipáticos ou desagradáveis, se sentem desgostosos, então que o mundo veja;
Invejo as gargalhadas altas e desconcertantes, essas sou capaz de dar, mas não do jeito que gostaria, como um palhaço de circo que vive de entreter e leva pra casa a leveza do som das gargalhadas respondidas pelo público;
Invejo os dramáticos que supervalorizam qualquer problema, negação ou positividade, os capazes de desorientar quem os rodeia, capazes de estremecer qualquer paz de espírito alheio, pois o drama também é contagioso, então que seja distribuído;

Invejo os que sentem, sentem muito, sentem tudo e conseguem expressar em emoções, expressões, gritos, aplausos ou lágrimas, eles estão mais perto de leveza espiritual do que eu ou você que só nos contemos por desculpa de força ou coragem, mas bem sabem que por dentro tudo queima, tudo arde e não há sal de frutas que faça passar...

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Auto-ajuda de Grátis!



Nunca deixe que alguém te diga que você é menor, nunca deixe que alguém te convença que é pior, nunca deixe que alguém te faça sentir desmerecedor, e se você, por um acaso, já está se sentindo assim, se afaste deste alguém, porque ele já conseguiu.
Se o petróleo que é proveniente de matéria orgânica morta, que pode ter fonte em fósseis de pessoas que não param de morrer a cada segundo, está em escassez , imagina a sua paciência?
Veja bem,  não falta matéria prima e mesmo assim há escassez de petróleo, analogicamente, tem a sua mente que controla seus sentimentos e tem outras pessoas com suas próprias mentes que provocam sentimentos diversos em você, e esses, muito poderosos, podem somatizar tanto doenças quanto uma simples estafa.
Concluindo, ou não, de onde vem não importa, mas sim o que você faz com o que vem. Como é apurado, como lidar, transformar, se tem como aproveitar ou vai pra descarte mesmo.
Pensem, suas ações condizem com o que você sente? Está sendo honesto consigo mesmo, está? A resposta é sim, e mesmo assim sente que está tudo errado? Não é simples, tem a Teoria do Caos, o caos bagunça, dele se tira o que realmente tem proveito e o que não tem vai para o lixo, qual a finalidade do descarte? Pode ser pra te mostrar a quantidade de coisas entulhadas.
Não entulhe, se não pode ser honesto com o outro, apenas seja consigo, se não consegue extrair nada de bom de uma situação, relação e afins, ou se até consegue, mas ainda não é o suficiente, você tentou, logo, está no direito de deixar pra lá.
LIVE AND LET DIE.
Coisas que não se explicam e são fatos, o nascer e o morrer, as pessoas nascem em situações improváveis e sobrevivem, amores duram em situações extenuantes, a morte vem pra todo mundo e não se sabe bem quando, entretanto o fim chega, ele só chega.
Tem o início o meio e o fim, somos os três, como já dizia Raul Seixas. Agora pode ser o fim da sua tolerância ou início do seu ódio, você simplesmente está cansado demais pra racionalizar isso tudo, “a parada” é que tem coisas que são o que são, você não tem controle sobre elas e quem disse que se deve ter controle sobre tudo?  Apenas encheu o pote, deixa extravasar, transbordar, esvaziar ou apenas chute pra longe, não é por acaso que sua atitude primitiva é primeiramente instintiva, faz sentido?

domingo, 1 de setembro de 2013

Regra do Jogo: Virada na vida...




Há alguns meses atrás eu comecei a escrever como uma jornada de autoconhecimento, então me pareceu uma boa ideia escrever o que tenho dificuldade de verbalizar por completo, aquela Mulher Sincopal cheia de bagagem pesada que carregasse nos ombros uma história de aceitação das limitações e às vezes debilidades, saiu da linha de conforto ou escapou de quase chegar nela.
Hoje, com o monitor implantado, saí da inércia para trabalhar em, na atual conjuntura, três projetos, como uma virada de 360 graus que pode retornar, mas como gira, eu sempre posso voltar ao inicio.
 Decidi não mais esperar e testar minha condição física, psicológica e emocional, dando aula de dança depois de nove anos parada, atendendo aos pouco meus pacientes e escrevendo em um site de cinema oficial, sério, que me traz um prazer imenso sobre cinema, uma arte que tanto amo e sempre gostei de dar pitacos, antes um blog pessoal, agora um profissional que me demanda mais perfeccionismo e prazer ao enriquecer exercitando meu poder crítico, com minhas análises e de outras grandes blogueiros.
Nem se trata de lucro ainda, mas do reconhecimento de uma prática que começou por puro prazer e foi reconhecida com neutralidade, me pegou de surpresa e me deixou radiante.
O projeto é expandir horizontes, me especializa para proporcionar melhor atendimento aos pacientes, estudar para melhor criação, aulas e eventos de dança e sempre estar antenada ao que a sétima arte pode nos proporcionar, e não parar por aí.
Claro que temo ter que parar de novo por ainda estar a espera de mais diagnósticos, mas nada que me impeça de seguir em frente neste momento motivador, há muito tempo não me sinto tão bem comigo mesma, e quero me sentir ainda melhor.

domingo, 11 de agosto de 2013

NEM PRECISAVA SER TÃO ASSIM.


Nunca vejo televisão aberta e por um acaso, mentira, acaso não existe, estava passando o Caldeirão que eu também nem gosto, então eu vi só a ultima parte do programa que fechou com uma mulher de 38 anos que tinha o sonho de conhecer seu pai, com o marido desempregado, três filhos adotados e morando de favor na casa da sogra ela só tinha o desejo de conhecer o pai, ela chorou e agradeceu a oportunidade de conhecê-lo já que o programa concedeu essa graça.
Eu entendi quando ela falou que amava uma pessoa que nunca conheceu e senti muito por isso, amor assim é incondicional mesmo, me compadeci porque ela não teve o que tive e tenho você, não um pai qualquer desses que bota no mundo ou cria de qualquer jeito, ou até cria da melhor forma que pode, mas não é você.
Porque você tem a palavra que me acalma, me orienta, norteia, aquece, simplifica ou complica para o meu próprio bem;
É a presença que preenche sem precisar dizer nada;
É quem fala demais, mas se não falasse não seria você e eu não seria eu e não teria aprendido tanta coisa;
É a pessoa mais conflitante que eu conheço e assim me inspira a criticar o mundo para extrair o que ele tem de melhor;
É o que afaga e defende um erro alheio pra mostrar compaixão ou aponta pra mostrar o exemplo e me mostra mesmo com seus próprios erros.
Dizem que os pais tem que dar o exemplo, EU concordo, mas não é só o exemplo bonito, bem composto e cheio de consciência e boa educação, mas o exemplo do tropeço, da frustração, das situações ruins que podemos nos meter, mas que apesar de tudo podemos contorná-los e aprender com eles. 
Pode ser um pouco porque não gosto de heróis, não desses perfeitos e imaculados, gosto mesmo dos anti-heróis que erram e fazem de tudo para salvar quem merece, quem eles realmente amam, mostrando que seguem muito mais seus corações defendendo o que realmente acreditam que o que a sociedade impõe.
Os pais são nossos anti-heróis, a gente ama o lado bom, o lado ruim, os erros e os acertos e sabe que vamos como filhos, ser amados de qualquer maneira, em qualquer lugar e de qualquer jeito.
Eu sinto dizer que nunca vou pode retribuir o que você faz, é, e representa pra mim, porque nessa vida vim como filha e você como o melhor pai, porque é meu, é meu amigo e porque sorri como ninguém e o tempo todo e ama a minha mãe e é teimoso de um jeito lindo e adora cachorros e trata muito bem os meus amigos, perdoa os que te magoam e protege quem ama e se compadece e se irrita e se alegra e se quebra (e como) e se faz de um jeito seu que é só meu, o meu jeito de te amar é você ser você, assim do jeito que é.
E o meu jeito de te amar é de qualquer maneira, de qualquer jeito, em qualquer lugar do jeito que você é, porque você é perfeito pra mim, assim desse jeito seu.
E o melhor, é uma pessoa magnífica pra os outros, nem precisava ser tão assim, tão bom, tão maravilhoso, te amaria de qualquer maneira, mas papai do céu me mandou você assim, o que se há de fazer?

PS: Desculpa, não sei consertar o seu relógio.

domingo, 4 de agosto de 2013

Um pouco de rebeldia não faz mal a ninguém.




Tentando parar a natureza de ser agitada me encontro despersonalizada, assistindo minha vida de fora, retorno ao início pra encontrar migalhas deixadas propositalmente indicando um meio de voltar a ser o que mais gostava.
O que mais gostava era minha audácia em rebater minhas limitações com um FODA-SE bem grande, a maturidade me fez enxergar os males que isso causou ao meu corpo e a mente dos que me amam e se preocupam comigo.
Só que se você deixar de se importar com o que sempre te motivou tudo perde o sentido e prefiro o meu eu desbravador que o conciliador embora em termos de preservação de meu aparelho corpal seja mais indicado.
Uma mente inquieta e ansiosa como a minha não consegue mesmo tentando, abstrair seus desejos e quereres tão facilmente e quando abstraído depois de certo tempo tudo se torna vazio e sem gosto.
A tentativa de ser eu agora é ser simplesmente eu, sem comparações com as demais pessoas, mas me comparando com a Carol que sempre quis ser.

sábado, 3 de agosto de 2013

Um Papo Filosófico




De todas as pessoas do mundo ninguém tem mais talento para te magoar que as pessoas que você mais ama, de todas as invejas, urucubacas e mau agouros, que Deus nos proteja, a gente reza, despacha, afoga ou queima, mas com as coisas delicadas que as pessoas amadas dizem de você, sobre você e com você principalmente, se forem verdade então, doem, e não tem nada mais doido que eu possa conhecer.
O mal de apertar a ferida, o jogar na cara suas frustrações. Eu, por excelência, sofro do medo de ter medo de viver tudo que eu possa fazer dentro dessa vida que me foi dada e isso traz cobranças imensas de nosso próprio inconsciente, tá pra existir alguém que te cobre mais que você mesmo, não é verdade?
Assim como alguém que te engane mais que sua própria sombra e te afaste mais da realidade que seus maiores medos, no fim lidar consigo mesmo é o pior.
Por praticar e me interessar por manifestações físicas decorrentes do mal das mentes inquietas, com medo, com manias, defendo que todo mundo precisa de terapia, mas fiquem à vontade para discordar.
A parada é dura, porque se você se descuida de uma mazela ela pode piorar e possibilitar o surgimento de outras, logo, por analogia, se você não cuida de suas limitações psíquicas, elas te limitam.
Se por um acaso você entrar em contato com um vírus feroz depois de uma pseudomelhoria seu corpo suscetível caí, assim como, se você entrar em contato com alguma situação, pessoa, discussão ou estresse que te relembre o quão frágil é o seu muro imaginário e subliminar de proteção de suas próprias frustrações, medos, neuras e transtornos, ele logo desmorona e de fato pode causar um dano muito maior do que o que você tentou consertar no início.
O consertar é na verdade tentar lidar, mudar o que se pode, e aceitar o que não, com fé em Deus ou na taba, mas principalmente em si mesmo, vamos fortalecer nossos “eus” os meus estão embaralhados e frágeis e os seus?

quinta-feira, 18 de julho de 2013

UMA PEQUENA GRANDE HISTÓRIA.




Aos treze anos sofri um misterioso acidente, não me recordo como aconteceu, sei que fui atropelada em frente a minha casa ao atravessar a rua, aos 16 tive o primeiro desmaio com semi-perda de consciência que foi atribuída a uma hipoglicemia após vômitos, aos 17 uma perda de consciência no laboratório de química do colégio por razões hoje conhecidas como sintomas prondrômicos (que antecedem ou denunciam uma Síncope Neurocardiogênica), aos 18 uma perda total de consciência após exercício físico e aos 19 os desmaios se tornaram cada vez mais frequentes.
Os traumas por queda são considerados o que há de mais perigoso no meu quadro, e imaginem que com a frequência deles começou-se então uma verdadeira maratona para diagnosticar a verdadeira causa.
Dois anos de visitas médicas a clínicos, neurologistas, psiquiatraS, curiosos, curandeiros, médiuns e nada de conclusivo, médicos mentem, na falta de vergonha na cara de admitirem o desconhecimento do meu quadro.
Olha, o poder de persuasão dos médicos diante de uma paciente desesperada por respostas te levam a tentar de um tudo. Depois de tanto tentar sem resposta e de todas as sequelas e efeitos colaterais que vários medicamentos de vários tipos diferentes de diagnóstico trouxeram, me fizeram questionar e perceber erros e uma enorme perda de tempo, eu não tinha e ainda não tenho total controle sobre minhas crises, mas também notava que nenhuma doença psicossomática e tratamentos sugeridos se encaixavam. O bom de tudo isso é hoje ter muito mais conhecimento adquirido ao longo dos anos e graças ao avanço da medicina.
Retomando a história...
Num dia glorioso, me consultei com um excelente e renomado neurologista que “cantou a pedra”, pois a nova suspeita era de Epilepsia, após muitos exames inconclusivos, ECG, Ressonância, Tomografias, todos os tipos de exames laboratoriais, ele me encaminhou ao seu colega cardiologista que enfim diagnosticou a Síncope Vasovagal solicitando o Tilt Teste, que acabou por também confirmou uma Hipotensão Postural.
Fazia faculdade nesta época e já era conhecida como a “Bela Adormecida”, desmaiava todo dia. Nesta época, grande parte dos professores me adotou e outra parte me crucificou me aconselhando a desistir, diziam: “Dentista não pode ter esse tipo de doença”, pode ser que estivessem certos, só que sou dessas que faz sempre o que duvidam do que posso fazer.
Palpitações e falta de ar no grau que comecei a manifestar não condiziam com meu diagnóstico de síncope e aí entra o segundo “round” da luta por novos médicos que confirmassem meu diagnóstico anterior e me esclarecesse mais algumas dúvidas, mais 2 anos se passaram e o cardiologista do meu avô detectou uma arritmia maligna, com um simples toque de dedos no seio carotídeo, denominada Wolf Parkinson White, essa arritmia provém de um feixe elétrico anômalo que provoca reentrada estimulando descompassadamente o batimento cardíaco.
Encaminhamento para um arritimologista da sua confiança confirmou o diagnóstico e em duas semanas fiz um procedimento denominado, Ablação por exame eletrofisiológico, é feito através de um cateterismo onde é estimulada a eletricidade do coração para conseguir encontrar a profundidade do feixe anômalo e cauteriza-lo. Foi um sucesso total e já fui liberada no dia seguinte.
Nova esperança pairava pelo ar, meus pais certos que o pior tinha passado até comemoraram usando o resultado do exame como prova de vitória, mas as síncopes e convulsões não cessaram assim como minha qualidade de vida descia por agua abaixo, tranquei a faculdade por um período, os traumas, as frequentes paradas nos prontos socorros e a distância dos meus pais me esgotaram.
PS: médico de pronto socorro não sabe sobre minha condição, ou seja, era tratada como maluca ou internada sem diagnóstico determinado para evitar complicações das convulsões.
Bateria de exames novo médico e novas drogas foram sugeridos, agora também tinha epilepsia associada ao problema cardíaco e uma guerrinha entre cardiologistas e neurologista para saberem quem estava certo e em fim um consenso de que eu precisava tratar os dois problemas, anos passei tratando com neuros e cardiologistas, mais exames, mais drogas, mais efeitos colaterais, e nada. Cheguei a tomar sete drogas de uma vez, betabloqueador, mais três anticonvulsivantes, vasopressina, hormônio, eritropoietina injetável e ansiolítico, minha insônia tinha chegado ao auge.
Nenhuma resposta significativa, minhas restrições pareciam cada vez mais sem sentido, meus cuidados e remédios não respondiam, me rebelei, depois de uma vida inteira namorando, desde os 14 anos, namorados diferentes, mas sempre namorando, estive solteira aos 23 anos no fim da faculdade, na noitada, viagens e uma necessidade de libertação de uma vida chata regrada e frustrada, comecei a dirigir mais, a beber de vez em quando, (nunca fui fã), a ir a Raves, emagreci uns 10 quilos nesse período por desinchar por troca de medicamentos, pouco apetite e muita agitação.
Já havia retornado a faculdade, ia bem, consegui me formar com louvor e fazer os melhores estágios possíveis. Voltei pra minha cidade estava com meu consultório modesto que meu pai por medo de eu levar uma vida acadêmica e continuar em Niterói estudando fez o favor de comprar uma sociedade pra eu começar e comecei bem, sempre tive altos e baixos.
Recuperei-me, o tempo passa...conheci meu marido, estava às voltas com os preparativos do casamento, isso me ajudou muito, casei e a vida a dois me deu novas responsabilidades e novas frustrações, pioras vieram e num novo médico que insistiu em um diagnóstico de síndrome do pânico, comecei a tratar, mais exames, mais drogas, antidepressivos tricíclicos e cheguei ao fundo do poço, os remédios me fizeram mal, o médico era contra terapia psiquiátrica e então, depois de um ano percebi que tinha piorado, voltei a me concentrar na arritmia que depois de 10 anos era o único diagnóstico consistente.
Novos médicos e excelentes devo muito ao Dr Márcio Kiuchi que não só me tratou como paciente, mas como amiga. Em setembro de 2012 fui encaminhada para minha atual cardiologista arritimologista, tem sido muito esclarecedor, novas informações, cuidados e a esperança de um novo meio de diagnóstico mais claro e preciso.
Minha hipotensão postural foi controlada, parece que tenho inibição do sistema nervoso periférico que basicamente estimula a contração dos músculos dos membros inferiores, vasodilatação demais, retorno venoso péssimo, indicação de malhação e mais drogas pra controlar a “pemba”, só que por uma nova ótica, o prognóstico é favorável, se fosse deficiência de resposta nervosa central, com o tempo pararia numa cadeira de rodas sem conseguir engolir, pois os nervos ao redor de todos os meus órgãos não estimulariam contrações musculares e irrigação sanguínea necessária.
Uma nova informação que deveria ser animadora existe centros que tratam minha cardiopatia só com exercícios, sonho meu, mas aqui no Brasil, só tem em São Paulo e “euzinha” não tenho dinheiro, logo, preciso me drogar para ter animo de sair de casa, ir ao psicólogo, psiquiatra, malhar e melhorar, cabeça ruim, corpo ruim, vai por mim, que eu sei bem.
Preciso de acompanhamento periódico, geralmente em uma nova consulta obtenho mais recomendações, aumento das dosagens da medicação e prescrição de exames. Em meados de dezembro de 2012 o pedido cirúrgico de um implante de monitor cardíaco anteriormente recomendado foi feito.
O monitor vem como uma nova oportunidade de diagnóstico de desmaios inexplicáveis e funciona como um exame invasivo. Infelizmente foi necessária uma liminar pra obrigar o meu plano a autorizar o procedimento e isto demandou cerca de 7 meses contando desde a primeira negativa até o cumprimento do ganho da liminar.
Depois do telegrama enviado pela Unimed informando a liberação de internação, (pra vocês verem que não minto quanto à demora), num mundo como este poderiam ter enviado um email né? Mais rápido, não? Em fim...a cirurgia foi marcada em menos de uma semana, feliz e nervosa fiquei e mais estressada ainda reagi ao adiamento desta mesma, horas antes da cirurgia por problemas com o hospital, médico e a chegada do monitor que vem do exterior.
Surtei, fiquei extremamente ansiosa, sem apetite, chorosa, irritada, desequilibrada mesmo, a expectativa diante de novas respostas e soluções consequentes desta cirurgia em meses de espera foi se potencializando a tal ponto que não só eu, como todos os que estão ao meu redor não aguentavam mais esperar por boas novas.
Felizmente a prorrogação foi marcada para 3 semanas após a primeira marcação e hoje me recupero da cirurgia com apenas 1 mês de convalescência, pequenas restrições, muitas visitas, carinho dos amigos e torcida para um futuro de boas oportunidades.